Edifício no Centro do Recife vira personagem de documentário

Curta-metragem Entre Andares é exibido neste sábado no festival de cinema Fincar, dedicado a filmes realizados por mulheres.

Um prédio com dez andares abandonados (e um cinema desativado na cobertura) é o personagem principal de um curta-metragem que elabora uma reflexão crítica e poética sobre a situação de ambientes urbanos aparentemente perdidos no tempo. Dirigido por Ana Van der Linden e Marina Maciel, o documentário capta as dimensões íntimas e coletivas presentes em um antigo edifício do Centro do Recife. Entre andares será projetado pela primeira vez hoje, às 18h, na programação de curtas do Fincar: Festival Internacional de Cinema de Realizadoras, dedicado a filmes dirigidos por mulheres. Antes da exibição, as diretoras preferem não revelar o nome do edifício retratado, pois preferem estimular um pensamento mais universal sobre a dinâmica social problematizada. Além de registrar o cotidiano de cinco pessoas que vivem ou trabalham no local, elas mostram detalhes da arquitetura, apresentam o estado atual dos espaços internos e procuram reproduzir o ponto de vista de quem olha para a cidade a partir das janelas do prédio. O edifício tem 14 andares, mas atualmente só os quatro primeiros estão em funcionamento. Uma mulher é a única habitante remanescente. "Ela é uma guardiã", considera Aline. Os demais apartamentos são ocupados comercialmente. Os elevadores estão quebrados há mais de dez anos e o ex-ascensorista hoje trabalha como zelador. "As memórias do prédio estão enclausuradas", interpreta a cineasta.

O documentário está na programação de curtas-metragens do Fincar, que começa às 18h no Cinema São Luiz (ingressos por R$ 3). Serão exibidos ainda os filmes Dias de saudável alegria, de Claudio Muñiz Pérez (Cuba),Corpo estrangeiro, de Marta Magnuska (Colômbia), e Meio fio, de Denise Vieira (Distrito Federal). Às 20h, também no São Luiz, é exibido o longa-metragem argentino A mulher dos cães, de Laura Citarella e Verónica Llinas. Na Aliança Francesa (Rua Amaro Bezerra, 466, Derby), às 14h, são exibidos quatro curtas dirigidos por realizadoras africanas, seguidos de debate com Janaína Oliveira, coordenadora do Fórum Itinerante de Cinema Negro (Ficine). A festa de encerramento do festival ocorre às 22h na galeria Mau Mau (Rua Nicarágua, 173, Espinheiro).