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No passo do caboclinho

Manifestação pernambucana espera recobrar visibilidade pelas mãos de Naná Vasconcelos, como fez o maracatu.


Pela primeira vez, a abertura oficial do carnaval do Recife vai dar aos caboclinhos espaço de destaque na folia da cidade. Além de participar do tradicional cortejo da sexta-feira comandado por Naná Vasconcelos, quatro grupos sobem ao palco do Marco Zero. O Caboclinho 7 Flexas, a Tribo de Caboclinhos Tupi, o Clube Carnavalesco Tribo Indígena Kapinawá e a Associação Caboclinho União Sete Flexas, de Goiana, foram convidados por Naná, e a expectativa é a de que recebam mais atenção. Foi o que aconteceu com os maracatus, que participam do início do carnaval do Recife há 15 anos, comandados pelo percussionista. “Os caboclinhos são uma coisa esplendorosa, fabulosa e elegante. Incluímos porque eles estavam em risco de desaparecer. Os maracatus precisavam se abaixar para os caboclinhos aparecerem mais e, agora, isso não vai ser preciso. Queremos trazer mensagem de tolerância”. A perspectiva é a de um carnaval com mais espaço para os caboclinhos, em um panorama recente pouco favorável ao folguedo. “O convite veio em boa hora para a cultura dos caboclinhos, pois ela estava se apagando”, afirma Alisson Gomes, o puxante da tribo Tupi, com 150 componentes, nascida em 1938 de brincadeira de boi em Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes. O Clube Carnavalesco Tribo Indígena Kapinawá foi fundado em 1982, na Linha do Tiro, a partir de brincadeira debaixo de um pé de goiaba. Hoje, o grupo conta com 120 integrantes e os ensaios começam em novembro. “Fazemos apresentações Pernambuco afora para obter recursos e nossas famílias investem do próprio bolso”, afirma o cacique Fábio Júlio, 30, filho de um dos fundadores do Kapinawá. “Dançamos descalços e às vezes cortamos os pés com vidro e outras coisas, mas continuamos na rua”, diz. A ideia de que a inclusão dos caboclinhos na programação de abertura vai ajudá-los é compartilhada até por quem não foi convidado para a festa. De acordo com Zuleide Alves, presidente do Caboclinho Oxóssi Pena Branca, fundado em 1979, falta estímulo às agremiações. “Depois que Naná atendeu o maracatu, eles tiveram evolução. Temos que trabalhar mais para ter mais espaço”. O caboclinho, com cem componentes, não tem sede própria e ensaia na frente da casa de Zuleide, na Bomba do Hemetério. “Se conseguíssemos mais apresentações, melhoraríamos a situação. A cultura move dinheiro porque os turistas movem a cultura. Quando se faz por amor, tudo é relevante”. Os caboclinhos As características Os integrantes apresentam agilidade, rodando, abaixando e levantando, vestindo cocares de penas de avestruz ou pavão, com saias de penas, colares, tornozeleiras e adereços nos braços. Organizam-se em duas filas diferentes nas evoluções. O bailado é composto por três instrumentos: surdo, inúbia, ou seja, uma flauta ou gaita, e maracás. A eles, adiciona-se o som das preacas, nome dado ao arco e flecha de madeira que os integrantes dos caboclinhos carregam. Jurema sagrada Relacionam-se com o culto da Jurema Sagrada, derivado da jurema, árvore usada para fins ritualísticos indígenas. As folhas, raízes e cascas da planta são aproveitadas para uso medicinal e partes servem para preparar uma bebida que, aliada a outros rituais, propicia alteração da consciência. Tribos de índios Além dos caboclinhos, o carnaval de Pernambuco tem uma manifestação cultural semelhante, denominada Tribo de Índio, originária da Paraíba. Embora também estejam ligados a cultos indígenas, as tribos de índio não têm, por exemplo, as preacas, comuns aos caboclinhos.





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