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Ana Paula Arósio é lésbica amargurada em "Como Esquecer"

  • Por Dênnys D`Lima
  • 7 de ago. de 2015
  • 3 min de leitura

Perdas e frustrações; seria isso o contrário do amor? Essa talvez seja duas respostas convincentes que fiquem latejando na minha memória após ter assistido o filme “Como esquecer” de Malu de Martin. No inicio tive uma prévia conclusão que o contrario do amor seja a indiferença, talvez seja também uma boa resposta as inúmeras sensações que me provocaram a escrever sobre o longa. Mas este é um filme que vai muito além de tudo isto. Ele propõe discutir questões sócias? Sim. Mas tudo é abordado de forma intensa e sutil, sem muita “pedagogia”. Um dado importantíssimo na história; Não é um filme com gays. Não é nada disto. Tampouco um filme que levante uma bandeira. “A homossexualidade, de ninguém no filme, é mais uma preocupação. São pessoas assumidas e bem resolvidas com isso, à questão são os sentimentos das pessoas e não o que elas fazem com a vida delas”. Ele propõe uma trama instigante sobre pessoas comuns, que enfrentam seus desafios de superar dores de um passado avassalador, pessoas que buscam uma nova chance para o encontro dessa tal felicidade.

O longa-metragem é uma adaptação do livro Como esquecer – Anotações quase inglesas, de Myriam Campello. Uma história muito forte, um grande achado para transportar para a tela grande. Eu procurei algo da autora pra poder escrever e percebi um sentimento, uma história muito forte. “As anotações da Myriam, trás personagens cujas ações e reações estão muito próximas de nós. São todos convocados a olharem para dentro deles mesmos e a conhecerem-se a si mesmos, numa tentativa de vencer o caos, sejam quais forem às combinações afetivas”.


A Júlia, personagem da Aninha é uma professora universitária de literatura inglesa que luta para reconstruir sua vida depois de viver intensa e duradoura relação amorosa com Antônia, que é apenas citada em suas lembranças. Ao longo do filme, Júlia se relaciona com outras pessoas que também, cada uma a seu modo está vivenciando a experiência da perda. Murilo Rosa, tem uma atuação importantíssima no longa, seu personagem, Hugo, faz um contraponto à situação da Júlia. Hugo, que também é homossexual, também perdeu um amor, mas, mostrasse otimista. É um grande coadjuvante que quebra o clima pesado do filme. Uma trama instigante que fala de pessoas comuns enfrentando os desafios de superar as dores do passado e buscando uma nova chance de encontrar a felicidade. Falando da minha diva/musa o que percebo ao ver sua interpretação, ela é uma atriz que mergulha no trabalho de forma estupenda! Aplicada. É a melhor atriz dramática da geração dela. É incrivelmente perfeita em seu personagem que é visivelmente chato, amargurado, beira o insuportável. A sólida interpretação de Ana Paula traz um vigor muito eficaz ao Filme. A Aninha é capaz de trazer à tona essências humanas, porque o mau humor de seu personagem é insuportável. A forma como a Julia encara seu mundo próprio, o egoísmo como lida com o problema e a insensibilidade de não deixar as pessoas se aproximarem dela, incomodam aos mais sensíveis. É difícil fazer gostar dela. Mas não conseguirmos odiar a Júlia. Você fica na torcida, ao menos, o mínimo necessário.


No Brasil você está aconstumado a ver filmes com orçamento de 8 Milhões, como foi rodado o Tropa de Elite 2. Isso não paga nem um ator em filme americano. Daí haver essa fartura de salas de exibição para filmes bem mais baratos que ficam muito longe de alcance, mas que muito vem a contribuir ao cinema, como no caso de "Como Esquecer", quanse você não ver acontecer. O filme não teve um orçamento como foi o filme cintado neste paragrafo.


Há filmes que te conquistam por motivos diversos. E “Como esquecer” me conquistou, pela forma de como ele é eficaz ao representar algumas das sensações as pessoas, o quanto ele é estético ao representar estes eventos quebrando paradigmas. Um elenco de primeira e, uma "puta" diretora que tem propriedade de sobra pra falar sobre sensibilidade e conhecimento humanno sem apelar pro clichês. Uma trilha sonora muito bem escolhida, fotografia intimista que dificilmente vejo no Cinema Brasileiro. São cenas tensas e lentas, que mesmo com a ausência da palavra são capazes de construir uma curva dramática interessante na linguagem cinematografica. Magistralmente perfeito.

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