Meu nome? Camila Jam. Sou aspirante a escritora.
- Por Dênnys D`Lima
- 24 de jul. de 2015
- 2 min de leitura
Camila (Leandra Leal) tem a arte de escrever como sua única paixão. É intensa e muito corajosa, busca criar para si uma existência complexa o suficiente para que possa escrever sobre ela. Onde ela realiza isto? Escrevendo compulsivamente em seu blog, um momento que faz com que ela fique isolada com o seu eu. “Nome Próprio” é um filme sobre a paixão de Camila – um ato de revelação literária - e seu esforço para se tornar uma escritora. Suas experiências intensas e inconseqüentes acabam servindo de material para que ela possa iniciar esse plano. Pelo menos é isso que ela tanto almeja. Camila é como uma de minhas Andréias; uma personagem forte que encara o abismo e retira dele força que necessita para simplesmente existir.

Eu vi da própria Leandra Leal sobre o filme em seu perfil do facebook e me aguçou a vontade de assistir. O primeiro corte do filme acho que tem uns três minutos de duração, eu tive que voltar várias vezes para verificar este evento, porque é quase que imperceptível – meu “olho treinado” pode me permitir isto. O filme começa com a câmera na mão, cortes secos, dando um ritmo muito gostoso, uma sensação de curiosidade ao espectador, uma forma destrutiva do Murilo Salles pra contar uma história com orçamento baixíssimo. A cena inicial é crua, barulhenta e avassaladora, mostra o rompimento de uma relação atordoada entre Camila e seu namorado. Um filme para ser sentido graças à atuação da sua estupenda interprete.
A Leandra encarna de fato a pele de sua personagem, a Camila; fica nua em cena, rola escadarias abaixo, esfrega o chão, agride sua própria existência. É Intensa tanto nos seus textos “online” quanto na vida, a protagonista não pensa duas vezes antes de fazer o que quer fazer – é inconsequente em seus atos.
Visivelmente a Leandra se entregou à personagem, uma paixão tão... que passa à personagem e, seu trabalho certamente agrega enorme valor ao longa-metragem, pois impressiona sua atuação, que expressa sentimentos tão presentes em nosso cotidiano, uma densidade digna dos decanos do cinema. Ela está simplesmente bela e madura como nunca e, mostra os traços de suas raízes artísticas com maestria.
“Nome Próprio” (2007) é um filme inteligente, verossímil e impactante. Uns dos melhores filmes que assisti em digital, usando uma câmera na mão que causa estranhamento. O longa é baseado nos textos da escritora gaúcha Clarah Averbuck, por conta de seu blog, um típico produto da cultura pop atual, resultado da internet como poderoso veículo de comunicação. Se acharem que é um filme “sobre internet”, ou talvez um “retrato da geração atual”. Por favor, esquecer. Não é isto. Nome Próprio é um desses ensaios que nos deixam atônitos. Um filme muito bem pensado “entre o virtual e o real, entre a palavra e a carne”.
”Eu era como um lixo que atraía moscas, em vez de uma flor desejada por borboletas e abelhas”.
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