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O Cineteatro saiu de férias, por tempo (in) determinado.

  • Por: Dênnys D`Lima
  • 16 de jul. de 2015
  • 2 min de leitura

Parte da população brasileira conhece a história do município “Yapoatan” que ficou conhecido por historiadores e estudiosos como o "berço da pátria", por ter sediado as principais batalhas contra os invasores holandeses na então Capitania de Pernambuco. Essa Cidade que em 1989 passou a ser chamada de Jaboatão dos Guararapes em homenagem ao local das batalhas históricas - os Montes Guararapes.

Foi aqui, nesta querida terra dos altivos canaviais, que em setembro de 1947 foi construído o Cineteatro Samuel Campelo que está localizado na praça nossa Senhora do Rosário em Jaboatão-Centro. Foi uma época que alguns viram suas cortinas abrirem tanto para o teatro quanto para a exibição de filmes e outras expressões artísticas. Hoje a cidade avança, mas o Cineteatro continua lá, fechado desde 2010. A cultura sempre foi forte na cidade, este espaço social surgiu em meios às batalhas politicas, e hoje ainda se permeia a mesma para desburocratizar a papelada empoeirada que a mais de 20 anos sustenta a pressão de uma sociedade “vermelha de vergonha”, sem ter um Cineteatro para se chamar de seu.

Assim como a pátria nasceu aqui, as expressões artísticas estão ligadas as nossas vidas, garantidas por direitos constituídos, é nelas que encontramos o que nos diferenciam, mas também o que nos uni. A democracia por ter esse espaço virou balcão de politicas publicas; sai vencedor quem estiver bem intencionado. Quais as suas intenções cidadãos? Se você morrer hoje morrerá um certo jeito de ser, pelas suas bravuras de quem nunca desiste. Afirmo, porque são as verdades que acreditamos, e não desistimos. Todo artista tem um sonho, faz planos para ser feliz, e que seu publico sinta suas verdades caracterizadas em suas expressões artísticas - essa é a sensação. São minorias os artistas que têm a intenção de compartilhar um espaço com a sociedade que sobrevive às margens da democracia no caos da intolerância.

Foto: Marcelo Ferreira

Diante de tudo e da vergonha, não deixamos que a pergunta da vez seja; Será que foi preciso quase vinte anos? O Cineteatro Samuel Campelo é um espaço cultural, nosso, todavia, saiu de férias, por tempo (in) determinado levando seus artistas a sobreviverem como retirantes, sem uma casa de espetáculo para se abrigar. Artistas que promovem sua arte sem apadrinhamento, sem a tal politicas públicas, que financiam suas produções, driblando os sistemas, amenizando a falta de acesso à cultura na sociedade que ainda tem preconceitos, dizendo que o artista é um “cidadão” vagabundo, onde o estado se moderniza e os tal artistas sofrem para garantir a nossa arte, na expectativa de um dia ver reabrir ainda em vida um Cineteatro, com a única certeza que a probabilidade de ter outros é pura fantasia, ficando apenas com uns por centos de vontades para soltar o grito preso contra a intolerância e poder a cada dia se reinventar da forma como Shakespeare fazia com sua trupe para agradar a rainha. Artistas, gestores, produtores que invocam a cada dia por proporções inimagináveis, sabendo que neste palco difícil será ver artista multiplicando sentimentos.

Foto: Marcelo Ferreira

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