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Na rua, um piano à espera

  • por, Mayra Couto (mayracouto.pe@dabr.com.br)
  • 1 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura

maro descobriu que o projeto nasceu por causa dele

Um piano viajando pelas ruas do Recife à espera de quem quiser parar e tocar. O projeto Pianos para a vida deverá voltar à capital pernambucana em março, para dar continuidade à proposta de democratizar não apenas o acesso a um clássico instrumento, mas à música. Idealizado e realizado pelo artista plástico e fotógrafo Paulo Vinícius Sultanum, sua mãe, Eliane Sultanum e pelo produtor cultural Roberto Sidando, a iniciativa teve como inspiração o Sunset Piano, projeto similar realizado em San Francisco (EUA). Durante todas as quintas-feiras de janeiro, um piano circulou por vias de grande movimento do Recife, disponível para profissionais e curiosos. Na próxima etapa do projeto, novas localidades devem ser visitadas, incluindo Casa Forte, o Parque Dona Lindu e o Alto José do Pinho - além de ter o objetivo de chegar a outras cidades como Olinda e até João Pessoa (PB). A iniciativa está intimamente ligada ao amor dos envolvidos pela música - tanto que o instrumento itinerante tem até um histórico emocional: foi herdado por Paulo da avó, falecida há 20 anos, depois de décadas de ensino do piano. O músico Amaro Freitas, 24, foi o primeiro a arriscar-se no instrumento, que, na última quinta-feira (28), esteve à espera de curiosos na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife. Mal sabia ele que o projeto - responsável por fazer seus olhos brilharem - foi criado por sua causa. A descoberta veio de uma amiga, Iara Lima. “Amaro toca piano e não tem um. Assim como ele, outras pessoas também não têm. Foi a partir disso que nasceu o projeto: da vontade de levar o instrumento para outras pessoas”, conta. Mas, ao que parece, só o músico, com olhar surpreso, não sabia da “responsabilidade”. “Em 2015, fui apresentado a Amaro, pianista que tocava no restaurante em que eu jantava. Na conversa, ele disse ser agradecido ao meu irmão por deixar que ele fosse até o restaurante praticar”, relata Paulo Sultanum. Nesse dia, o artista plástico constatou a dificuldade de acesso de tanta gente. Por isso, tomou para si uma missão: “Não consegui um para ele, mas tinha presenciado ações com pianos em estações de trem, em São Paulo e na Califórnia. Daí, resolvemos fazer a versão local.” O projeto percorreu, em sua primeira incursão, quatro pontos movimentados da capital, reunindo de músicos a aspirantes ou pessoas que nunca tinham tocado. A experiência provocou emoções distintas - desde quem era sensibilizado pelo que ouvia até o frisson adolescente ao pôr as mãos nas teclas pretas e brancas pela primeira vez. A estudante Laura Beatriz, 16, foi um desses casos. Sempre sonhou em tocar, o que era expresso entre um sorriso meio ansioso, de quem se vê diante de algo novo, e até certo estranhamento. “Nunca tinha experimentado. Achei as teclas pesadas. Foi incrível”, descreve. Laura já buscava o projeto há algumas semanas - chorou ao saber que não chegaria a tempo de tocar o piano uma semana antes, quando era a vez do instrumento encantar as pessoas na Rua da Moeda, também no Bairro do Recife. Desta vez, conseguiu. Emocionou-se novamente.

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