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O importante, na arte do artista: sua história para fazer o que sabe.

  • por Dênnys D'Lima / AD Produções Artísticas
  • 14 de jan. de 2016
  • 5 min de leitura

Os sinônimos da palavra Ballet pode ser: ralação e transpiração. A partir desses dois sinônimos, pode-se entender o fato de superar os limites do corpo, da mente, para que o artista mostre sua arte, ficando de lado seu nervosismo, fazendo ele entra em conflito consigo mesmo, tentando no melhor de sua performance, servir seu amável publico, para que ambos continuem "enxergando o mundo através da arte".

O espetáculo “Noite das Solistas” do Ballet Municipal do Jaboatão dos Guararapes, surgi da necessidade das Bailarinas: Mayurymy D’arc, Adriana Santos, Pâmela Ferreira, Beatriz Rocha e Juliana Marques, mostrarem à fluência da dança de Rua num palco Elizabetano, sobre a coordenação dos diretores Nino Fernandes e Cláudia Fernandes. São uma hora de espetáculo, unindo dança contemporânea, de rua, clássica e samba ao teatro através da interpretação de alguns atores, desta forma, demonstram o movimento do corpo, da alma e seus sentimentos, todas as coreografrias pensados a partir do ballet clássico, permitindo uma nova perspectiva, novos passos inimagináveis, agradando a todo o tipo de público.


Não é de agora, que conheço o trabalho artístico/pedagógico realizado pela Cláudia Fernandes e o Nino Fernandes, profissionais que não precisam de mais nada para provar o talento que tem; eles tem competência a cada nova montagem e nelas se superam. Vejo em todos, simbolo de "pertencimento", pela força das “ações físicas” que vem de dentro. Jerzy Grotowski - todo artista, em particular o ator, bailarino e diretor, deveria ler sobre o método das ações físicas de Grotowski -, uma vez explicou a estrutura desas “ações físicas”, o que pode ser. Dizia ele: - O movimento, como na coreografia, não é ação física, mas cada ação física pode ser colocada em uma forma, em um ritmo, seria dizer que cada ação física, mesmo a mais simples, pode vir a ser uma estrutura, uma partícula de interpretação perfeitamente estruturada, organizada, ritmada. Do exterior, nos dois casos, estamos diante de uma coreografia. Mas no primeiro caso, coreografia é somente movimento, e no segundo é o exterior de um ciclo de ações intencionais. Quer dizer que no segundo caso a coreografia é parida no fim, como a estruturação de reações na vida. Complicou? Bom, elas ficam claras no trabalho coletivo de cada bailarina (o), que deram sentidos a essas ações nas coreografias do espetáculo, que rompe as barreiras do clichê, reunindo cores, formando uma estética. Sou focado na direção de arte em meus trabalhos seja pro cinema, ou em um vídeo institucional e, prezo por ela sempre. Quando me deparo com um trabalho onde - tendo ou não entendimento do que seja - a Direção de Arte, é acertada, fico feliz. Em particular, o vermelho no figurino me cativou, (uso vermelho em tudo, basta perceber). Todo o figurino; a escolha e a estética são formidáveis, caracterizando a atmosfera dos ritmos e da cultura. Pena, a luz não funcionou, mas eu vi luz pelo poder da imaginação: Aquela quando estamos diante de um livro como “A bolsa Amarela” da Lygia Bojunga. Isso me fez lembrar do pequeno príncipe e sua insistência para que o aviador desenhasse um carneiro. Acredito ter sido isto quando não vi a luz, eu simplismente desenhei ela na minha imaginação pra poder sentir toda aquela atmosfera.


O repertório musical - Não caiu em desuso até agora, mesmo para os que curtem os mais diversos estilos contemporâneo "dos MCS" da nova geração, vão escutar uma vez. Pois as músicas no espetáculo fez o “caminho de volta”, numa travessia de nossas existência… e foi fundamental, pois teve um jeito de contar das nossas vidas “corriqueiras”, que ainda faz o povo “chorar de alegria” ou “morrer de tanto rir” e, o melhor, sem “cair do salto”, pois somos fortes, essas sãos as experiências impontantes de várias culturas e tribos, na qual, a música reconta as mais diversas memorias ocultas que aos poucos vieram à tona, ali, no palco - usando o recurso da tecnologia através do data show.


As coreografias - Fizeram a plateia lembrar suas memorias afetivas, não importando sua idade, sua cultura, sua relação pessoal ou social. O ator Gabriel Gueiros mostra porque tem disciplina para administrar o nervosismo normal do ator nos primeiros segundos no palco, e segura a “peteca” numa cena que exigi "mais" técnica do ator para ajudar seus companheiros (Mayurymy D'arc, Adriana Santos e Pamela Ferreira).Fica a certeza: por mais que uma cena seja emblemática, se faz com gentileza, e um ator tem que ter o dever de usar gentileza nela, e o Gabriel usa ela em sua atuação muito bem. Olhe que é apenas um ator iniciante, mas deste que você bate o olho e diz: Se continuar assim, ele vai longe.


As bailarinas - Com suas particularidades, todas, repito, todas são bem dirigidas, sim, porque tem direção ali. Mas antes da direção, vem a responsabilidades do artista. Eu também sou ator, e sei que na hora que as cortinas se abrem, é com você - só no cinema e na tv dá pra refazer a cena -, o diretor não pode interferir na cena. Para se tornar bailarinas (os) profissionais, precisam de anos e anos de prática... Concordo, mas sabem porque eu insisto em criticá-las? Porque chego também a discordar dos “anos de pratica”. ( Estou dirigindo um curta sobre uma "Andréia Bailarina" e resolvi trabalhar com uma bailarina de jazz.) O mais importante, ali, tem duas bailarinas que me contaram suas histórias para chegar onde estão, mostrar o que aprenderam do aprendizado, ou seja: A bailarina é aquela que pratica o balé. A partir dessas duas bailarinas, eu escrevo meu olhar clínico sobre disciplina e talento em tão pouco tempo, que as fazem ser tão profissional como a Ana Botafogo, como a própria Claudia Fernandes, que graciosamente, entra no palco como uma menina querendo semprre mostrar seu charme, seu talento, sua disciplina e trajetória - O importante, na arte do artista: sua história para fazer o que sabe.


Uns dos quadro que mereciam prêmio, foi os dos Casais (Beatriz Rocha, Luan Brasil e Leo Montini) que falam de traição e amor da mulher por seus dois homens, nele, o recurso da técnica da interpretação teatral é bem acentuada, refezendo (na música Cabaret/Reginaldo Rossi) a trajetória dessa traição - Saudosa lembrança de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" do Jorge Amado. Eu queria subir no palco e poder tocar a cena de tão graciosa, os interprestes conduzem a cena ao puro êxtase, sem apelar para o uso da exploração do corpo e, o melhor, manteve a platéia concentrada, educada para o teatro, no teatro, sem sentir constrangimento, um ato promordial do artista em respeito para com a sua arte, para com a arte - Já assisti diversos espetáculos a usarem o corpo do interpreter "esses recursos" de forma desnecessários ou equivocados, sem cuidado algum, uma total falta de respeito com o palco, com a profissão, com o publico que se planeja para ver a arte.


O Jeito de Contar - O espetáculo é uma junção de Dança e Teatro, com trilha sonora bem acentuada, com algumas quebras de tempo de uma cena para a outra, algo normal na proposta para fazer a passagem do tempo e construir uma nova atmosfera. No conjunto, a obra foi bem construida, usa elementos visuais (Maquiagem, uma cadeira, figurinos adequados para proposta e iluminação). O espetáculo não tem cenografia, apenas o uso da iluminação, gelo seco e a presença fundamental do recurso tecnológico (data show) servido como um guia entre tempo e espaço, entre uma cena e outra para que o público entenda a história.


Essa montagem teria que acontecer, primeiro: pela história deles, outra, pela história do Brasil através da música, da dança, e o mais importante, o re/fazer refletir nossos caminhos - e o da dança - para o futuro.

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