"NÃO HÁ PAPELÃO SEM SONHO"
- Por: Dênnys D`Lima
- 16 de jul. de 2015
- 3 min de leitura
O movimento cartoneiro, surgiu na Argentina no inicio dos anos dois mil, com uma grande crise econômica, e o bancário editorial estava bloqueado, não dava para publicar nada, as pessoas não tinham dinheiro para comprar livros, e um grupo de escritores e artistas, em meios a essa crise resolveram os problemas -“Exótico para o publico Frances” - através de uma simples ideia: criar seus livros a partir do papelão.
A ideia foi tão bem aceita que eles passaram a comprar o papelão aos cartoneros - são catadores, que fazem cartões e vendem -. Compravam os papelões mais caros aos cartoneros para que eles pudessem viver melhores e pudessem fazer livros assim, foi a partir disto que se difundiu por todo mundo. Hoje há mais de cento e cinqueta editoras na Europa: Espanha, Portugal, França, Suécia, Alemanha. Principalmente na América Latina que teve uma grande repercussão desse movimento. Segundo Andréia Joana Silva, eles não fazem nada de original, apenas vestem a camisa e por amor à causa para tentar fazer um mundo melhor, com mais livros e mais cultura, mais pessoas alfabetizadas.

A Cephisa Cartoneira, editora, promoveu um bate papo com mediação da portuguesa Andreia Joana Silva, o francês Nicolas Duracka (via skype) e o autor do conto vencedor do 1º Prêmio Internacional de Literatura Cartoneira, promovido pelo selo, o escritor e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi ressaltado a importância social dessa mobilização, uma economia solidaria. “Somos produtores independentes e temos o objetivo de estender a mão para quem precisa. Estamos ajudando vários grupos de catadores de papelão, em vários locais do mundo, comprando sua produção, temos consciência que as relações de publicação normais são um tanto ‘vampirescas’. Nosso trabalho é solidário também no sentido de possibilitar a divulgação do trabalho de escritores que estão fora do mercado. Por isso, realizamos ações como o prêmio, que estamos promovendo” disse Andréia. Nicolas falou da sensação boa de estar integrado em um movimento que possibilita a integração de pessoas em várias partes do mundo em torno de uma causa solidária. “Somos todos amigos. É fantástico ver tudo correndo bem dessa maneira, pois parece que estamos cultivando algo diferente. Ver as pessoas cultivando isso nos deixa muito feliz”, afirmou ele, que já esteve em Pernambuco, junto com Andreia Silva, e a Severina Catadora, que pertence a um grupo de catadores, que buscam sobreviver através do papelão. Lá eles realizaram o 1º Encontro Internacional de Literatura Cartoneira, durante o Festival de Inverno de Garanhuns.
A Cephisa esteve com um estande na Bienal, representando editoras cartoneiras de vários países. Durante todo o evento estão sendo oferecidas, no espaço, oficinas de encadernação agendadas no próprio local ou pelo e-mail andreiajsilva@live.com. As oficinas que eles promovem só vem contribuir as práticas sustentáveis e de economia solidária em torno do livro. Como disse o Dom Quixote obra de Miguel Cervantes, “Entre um povo de raras leituras, como era o de sua aldeia, causava espanto e admiração aquela voracidade com que comprava e consumia livros e mais livros”. Desta forma passamos a refletir a situação dos milhares de brasileiros, apaixonados pela arte de sentir as palavras, permanecem lutando, não abrindo mão nunca da disseminação, mais me parece uma luta quixotesca, onde poucos sentem o prazer das palavras em um pais mascarado pela educação.
FOTO: Arquivo pessoal (Na foto: Dênnys D`Lima (Assessor de Comunicação), Andréia (editora), Gleyci Nass e Odilon Everton (Alunos de comunicação).
Linsk pra quem quiser saber mais sobre o projeto:
http://cephisakartonera.wordpress.com/
https://www.facebook.com/cephisa.cartonera
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