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Prefeitura do Recife, cancela festival de teatro.

  • Foto do escritor: Jeito de Contar
    Jeito de Contar
  • 30 de out. de 2014
  • 3 min de leitura

A Prefeitura do Recife confirmou, ontem, a informação que circulava, à boca miúda, entre a classe artística: o Festival Recife do Teatro Nacional (FRTN) não chegará, este ano, à maturidade. Por meio de nota, a Secretaria de Cultura informou que não realizará, neste novembro, a 18ª edição do mais importante e amplo festival de artes cênicas da cidade.

Alegando dificuldades operacionais, a Secretaria de Cultura anunciou, por nota, que os festivais nacionais de teatro e dança serão realizados em anos alternados com o “intuito de possibilitar um planejamento adequado a estas iniciativas, uma vez que a gestão reconhece o importante papel que estas ações cumprem na formação dos realizadores das artes cênicas, no intercâmbio entre diferentes expressões artísticas e ainda na formação de plateia”.

“A decisão foi tomada recentemente, alguns dias atrás, com representantes da Secretaria (de Cultura) e da Fundação (de Cultura da Cidade do Recife)”, disse Carlos Carvalho, gerente do Centro de Pesquisas e Teatros Apolo-Hermilo, escalado para explicar a não realização do festival. O Festival Nacional de Dança teve a última edição encerrada no último dia 26 de outubro. Só deve voltar a acontecer em 2016.

Quando questionado como a Prefeitura garante que o FRTN será mesmo realizado ano que vem, Carvalho disse que a garantia é “a própria história do festival”. “Falta um planejamento solidificado, com mais calma, e com a participação de todos os interessados, de todas as entidades ligadas às artes cênicas locais”, diz Carvalho. Segundo ele, o prefeito Geraldo Júlio não participou diretamente da decisão.

Ano passado, o FRTN teve uma edição abaixo da média, amplamente criticada por artistas, intelectuais e produtores na reunião de avaliação do festival. “Nem a secretária de Cultura, Leda Alves, estava na avaliação, o que mostra o descompromisso crescente desta gestão com a cultura”, criticou o diretor e ator Pedro Vilela, do grupo Magiluth, um dos mais nacionalmente premiados do Recife.

Quando questionado sobre se, desde o ano passado, não houve tempo para o planejamento adequado do festival, Carlos Carvalho alegou também as dificuldades orçamentárias. “O festival requer uma massa de recursos muito grande, e a gente estava sem esses recursos”, diz ele, informando que, na última edição, a verba do festival ficou em R$ 700 mil. Questionado, Carvalho disse não saber precisar qual seria o orçamento ideal para a realização deste ano. “O orçamento ideal, eu não sei. O orçamento ideal seria o que contemplasse um olhar mais federativo, com diversidade da produção do teatro no Brasil”, disse ele, sugerindo que apenas a gerência municipal de artes cênicas poderia informar o orçamento mínimo adequado para o festival deste ano.

Os gestores parecem não se entender. Gerente de Artes Cênicas, Romildo Moreira disse que a responsabilidade de realização do festival está sob a responsabilidade do diretor do Centro Apolo-Hermilo. “Eles é que devem mensurar o orçamento”, diz Romildo Moreira, que faz, contudo, um exercício hipotético: “Quando eu criei, há 18 anos, esse festival, ele teve orçamento de R$ 700 mil. Acho que o orçamento não deveria ser inferior a cerca de R$ 1 milhão”. “Já se suspeitava que o festival não acontecesse, porque ano passado eles fizeram uma conferência desastrosa com a classe e um representante dizia, uma hora, que tinha dinheiro, e outra hora, que não tinha”, lamenta o dramaturgo, ator e professor Rodrigo Dourado. “Além de ter oferecido oficinas de formação de excelência, esse festival era a única forma de espetáculos importantes do País virem ao Recife”, lamenta o dramaturgo e professor Luís Reis.

A não realização do festival decepcionou também atores de fora. “Mandei a proposta de apresentar meu monólogo Hell e não obtive até agora resposta”, disse a atriz Bárbara Paz, informada pela reportagem da novidade. “Recife hoje concentra a melhor música e o melhor cinema do Brasil, é lamentável que este festival não seja realizado”, diz ela que, semana que vem, estará com outra montagem na cidade - numa temporada comercial, sem o guarda-chuva de nenhum festival local.

 
 
 

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